A máscara das eleições
Quem assiste à TV, em horário político, esteja em casa ou num boteco qualquer, seja jovem, ou um mero transeunte, ainda que distraído, jamais deixará de perceber o que “rola” no vídeo.
Já dizia o meu bisavô: “A propaganda é a alma do negócio”.
Pois é! Os candidatos, em projetos de miraculosos objetivos, se retratam em disfarces. E, onde se vê um autêntico desvio de nosso raciocínio, onde se evita uma confrontação de verdades, onde uma multidão se prende pelo ouvido, pela visão embutida e pintada pela mentira, uma vertente do mais vivo poder, um poder muito convincente pelo gasto permitido, inicia um “complô” muito bem preparado e alicerçado.
É um verdadeiro “circo” o que se assiste nestas prévias de eleições.
Os candidatos são meros figurantes. A máquina que os prepara, somente para aparecerem, mostrar sua figura (também muito bem preparada pelo milagre dos maquiadores, etc.), é que deveria ser eleita sim. Sem sombra de dúvidas, a “mídia”, o “marketing”, os “marqueteiros profissionais” são os verdadeiros vencedores das eleições. Os aparatos empregados ou mesmo as estratégias “de fundo” são o que há de melhor. Tudo é bem posto, calculado, medido e, melhor ainda, muito bem pago. Tudo isso, com uma grande vantagem. O “candidato”, aquele que precisamos escolher, não precisa entender e nem saber de nada, nem mesmo de política. Até mesmo um robô pode estar no seu lugar e fazer seu papel. E desse jeito, assim meio torto, nós, os eleitores, somos levados a escolher aquele que estiver melhor “produzido” e, nunca saberemos se ele, “o candidato”, é capaz, correto, preparado, porque, afinal, nem saber falar ele precisa, pois fazem tudo por ele.
Então, como escolher um bom candidato para representar-nos?
Indispensável se faz, conhecer seu comportamento enquanto cidadão, seu preparo e cultura política, seus planos de ação e, fator preponderante, seu caráter e princípios morais.
Felizmente, algo já está sendo feito. Há, no Senado, projeto do Senador Pedro Simon que prevê a propaganda eleitoral tão somente com a presença do candidato e suas propostas, proibindo truques publicitários e imagens ilusórias que, realmente, confundem a nossa opinião influenciando negativamente nossas decisões, e conseqüentemente nosso voto.
Ivone Filipim
IVONE FILIPIM é advogada formada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP, diplomada em Política e Estratégia Nacional pela ADESG, ocupando cargo diretivo na Federação Nacional Dos Advogados, e colaborou conosco neste artigo.
Tunico Vieira
29/05/2002