O futuro do Capitalismo

Tem-se entendido como capitalismo o sistema econômico que se caracteriza como atividade econômica exercida pelos proprietários dos bens (imóveis e móveis), no sentido de utilizá-los para a produção e distribuição dos bens de consumo, a partir daqueles.

O objetivo do capitalista, com base no princípio do livre comércio, assentado na lei da oferta e da procura, é transformar os seus bens e dispor dos que foram transformados, para chegar ao lucro.

A produção dos bens de consumo, entretanto, não pode ser conseguida sem o esforço humano, razão porque o proprietário tem que contratar pessoas que façam esse trabalho.

Foi essa situação que veio a surgir no mundo, depois da Idade Média, com o fim do regime feudal, dando origem às duas classes sociais distintas: a dos capitalistas e a dos assalariados.

De lá para cá, é certo que, com o desenvolvimento tecnológico, o capitalismo evoluiu, acelerando e multiplicando os meios de produção e a quantidade e variedade dos bens produzidos, assim passando a ser chamado de capitalismo industrial.

A supremacia, ou superioridade entre a classe capitalista e a assalariada somente não fez criar um abismo entre ambas, de modo que a primeira se tornasse mais rica e a outra mais empobrecida, por causa da intervenção do poder público, pois o Estado de Direito diligenciou no sentido de criar legislação específica para proteção dos trabalhadores.

Atualmente, porém, a situação que se pode chamar de globalizada, por estar envolvendo o mundo todo, em conseqüência da enorme facilidade de comunicação e da rapidez dos meios de transporte, está a exigir maiores e melhores providências, no sentido de reduzir o confronto entre os capitalistas, hoje identificados nas empresas “multinacionais”, e o restante da população mundial, em grande número espalhada pelo planeta e cada vez mais necessitada de trabalho e de alimento, sem nenhuma previsão de atingir, de forma concreta, esses objetivos.

A enorme distância entre os ricos e os pobres, com visíveis possibilidades de agravamento, vem preocupando especialistas, estudiosos e mais interessados, na busca de uma solução para o gravíssimo problema, e, vez por outra, surge alguma idéia que merece ser detidamente examinada.

C. K. Prahalad, por exemplo, professor de administração de empresas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, autor de importante obra denominada “Competindo pelo Futuro”, e, que esteve recentemente de passagem pelo Brasil, proferindo palestras, defende uma tese interessante, cujos pontos principais podem ser resumidos, de modo mais prático, nas seguintes providências a serem tomadas:

1 – As multinacionais deveriam orientar a sua atividade capitalista para uma nova ótica, ou seja, um novo modo de ver as coisas, norteadas pelo princípio de dever produzir riquezas e não extraí-las dos países onde atuam;

2 – Combinação de baixo custo e boa qualidade dos bens produzidos, o que permitiria o seu acesso a um número muito maior de pessoas, e, conseqüentemente, um lucro maior;

3 – Finalmente, seria importante que as empresas cuidassem de tornar disponível crédito financeiro, ao mesmo tempo em que aumentassem o potencial de ganho das pessoas mais pobres, o que já foi comprovado como boa medida por empresa financeira na Índia.

Poderiam ser complementadas essas providências com a colaboração das ONGs e dos poderes públicos, os quais, agiriam em conjunto, pois não se pode entender como correto o princípio de que os ricos são servidos pelo setor corporativo e os governos e as ONGs atenderiam os pobres e o meio ambiente.

Essa teoria, e outras que poderiam ser trazidas à luz, merecem ser consideradas e mesmo postas em prática, tendo em conta o relevante objetivo de evitar o caos da humanidade.

A capacidade da inteligência humana nos permite acreditar no sucesso da tentativa.

Tunico Vieira
15/11/2002