Vamos corrigir os erros

Recentemente, em seção de um periódico local, foi publicada carta de um leitor que apontava a ocorrência de um fato curioso, contra o qual se insurgia. Reclamava ele que estavam sendo contratados indivíduos já aposentados, evidentemente com idade superior a 65 anos, para executarem, em estabelecimentos bancários, serviços que costumeiramente eram entregues a “boys”.

O mesmo missivista não se conformava com a situação, apontando que não era justo empregar pessoas de idade, já com ganho seguro de aposentado, em detrimento dos jovens, em início de idade para trabalhar, os quais ficam prejudicados com a concorrência, e logicamente com menos oportunidade.

Reconheceu o autor da carta que as empresas assim procedem porque, tendo as pessoas idosas preferência nas filas dos bancos, no que são acompanhadas por gestante, mães com criança no colo e deficientes físicos, perdem menos tempo de espera nas agências bancárias, o que é uma coisa muito interessante porque, como se diz, “tempo é dinheiro”.

O fato mencionado não deixa de ser intrigante e leva a ponderações e tomada de posições das mais variadas, mas, antes de meditar a respeito, vale lembrar que na fila preferencial das agências bancárias acontece também, muitas vezes, de serem ali encontradas senhoras tendo ao colo filho que não é seu, pois é tomado emprestado da verdadeira mãe, além do que, o que é mais grave, outras vezes moças fingem estar grávidas para não perder o seu tempo, justamente considerado precioso.

É verdade que pode ser considerado um erro a contratação, por parte de empresas, de pessoas de idade avançada, para desempenho de atividade até pouco tempo tida como própria de juvenis, mas, é igualmente equivocado, e até mais do que isso condenável, o uso da fraude e da mentira para escapar da espera irritante e custosa, dentro de uma agência bancária, repleta de clientes e vazia de funcionários.

Mas, sem dúvida alguma, como ponderação final, o que pode ser dito é que o maior erro é o próprio fato da existência de uma fila preferencial, que, certamente, deveria ser abolida.

Claro está que os estabelecimentos bancários, com a criação da “caixa” preferencial, querem passar por atenciosos e preocupados com os clientes que estão em situação diferenciada, assim desviando-se do problema maior, que deveria ser o atendimento, pronto e diligente, de todas as pessoas que necessitam ir ao banco.

Com efeito, quando se diz que a preferência deve ser excluída, não se quer trazer de volta o suplício para os deficientes; o que se pretende, e teria que ser feito, seria o atendimento igual a todas as pessoas, de tal modo que ninguém fosse obrigado a permanecer, às vezes, mais de uma hora, em uma fila de banco, mesmo que seja para pagar uma simples duplicata.

A solução para os erros aqui apontados, é de uma simplicidade que salta aos olhos: a contratação de funcionários em número suficiente para o atendimento das agências, providência que os empresários financeiros não podem dizer que é impossível, diante dos números publicados nos balanços anuais, em que o lucro líquido anual de entidades bancárias impressiona qualquer leitor.

Tunico Vieira
11/04/2003