Brasil 180 anos
No próximo dia 7 de setembro será comemorado o centésimo octogésimo aniversário da Proclamação da Independência de nossa pátria.
O Brasil nasceu, como país, independente e autônomo, em 1822, e teve sua primeira Constituição em 1824, outorgada pelo Imperador D. Pedro, e, em 1891, teve promulgada a primeira Constituição da República.
Do confronto das datas, conclui-se que a nossa pátria, como Estado de Direito, é mais antiga até do que a própria Itália, cujo processo de unificação, como país, somente se encerrou na metade do século XIX.
Passadas todas essas décadas, torna-se possível, hoje, fazer uma avaliação do progresso alcançado pelo país, em todos os setores de atividade, à procura de uma conclusão a respeito daquilo de útil que foi feito, como também daquilo que poderia ter sido feito e não foi, e, finalmente, quais são as possibilidades futuras de nossa nação.
O formato deste pequeno comentário, todavia, não comporta divagações amplas e genéricas, em conseqüência do que somente um tema será, agora, considerado, ficando observações e apontamentos, sobre outros temas, reservados para oportunidades próximas.
Por ora, vamos nos deter na questão do transporte ferroviário.
A locomotiva a vapor, que começou a ter vida no início do século XIX, revolucionou o desenvolvimento industrial em todo o universo, a partir do momento em que o homem passou a dispor de um meio de locomoção mais veloz que o cavalo, e as diligências foram deixadas de lado.
Para que se tenha noção do progresso no uso das ferrovias, é suficiente dizer que, no Reino Unido, em 1840, já existiam dois mil quilômetros de ferrovias, e, nos Estados Unidos, na mesma época, já eram utilizados 4.500 quilômetros.
O Brasil cedo sentiu a necessidade da ferrovia, principalmente em razão de sua grande extensão territorial, associada à necessidade da circulação de suas riquezas, tanto naturais como as produzidas pelo uso do solo.
Assim é que, em 1854, já existia, pelo esforço do Barão de Mauá, uma ferrovia ligando Petrópolis ao Rio de Janeiro, com a extensão de 51 quilômetros.
O investimento em ferrovias foi bastante incrementado, notadamente, no Estado de São Paulo, a partir do final do século XIX, até meados do século XX com a criação de várias empresas, a partir da “São Paulo Railway”, que ligou o porto de Santos à cidade de Jundiaí, a Cia. Mogiana, que levou seus trilhos a Ribeirão Preto e pouco adiante a Cia. Paulista, que partiu na direção do oeste e norte, e também a Estrada de Ferro Sorocabana.
Muitas foram as cidades que nasceram às margens dos trilhos, e grande foi o progresso do interior paulista, valendo notar que outras ferrovias, de menor porte, também surgiam, ao longo das maiores, como importantes ramais.
Sabemos, porém, que no Estado de São Paulo, como nas demais regiões do Brasil, o transporte ferroviário, infelizmente, foi deixado de lado.
As explicações que encontramos nos livros nos dão conta de que duas são as razões principais para tal situação: pressões políticas e preferência para o transporte rodoviário.
A verdade mais notória, entretanto, é que a ferrovia é um meio de transporte que recebeu e continua recebendo grandes melhorias técnicas, e, ou a nação se sujeitava à evolução, como ocorre no Japão, onde se prepara a substituição do “trem bala” que desenvolve a velocidade de 240 km por hora, por outro que chegará a 400, ou desistiria do uso da ferrovia, como acabou acontecendo.
O que não se poderia aceitar foi o que aconteceu depois da fundação de Brasília, quando uma viagem de Campinas à capital, num trem de bitola de 1,00 m, demorava mais de 25 horas.
Conclui-se, por isso, que o abandono total das ferrovias, por parte dos que assumiram dirigir a nação, vem causando graves e irreparáveis prejuízos.
Tunico Vieira
06/09/2002