Brasil 180 anos: Agricultura

Um dos temas mais interessantes a ser considerado, dentro do espaço reservado para deixar marcada a passagem dos 180 anos de existência do Brasil como nação independente, é, sem dúvida, a agricultura.

É bem verdade que em nosso solo, muito tempo antes de sua descoberta pelos europeus, o índio brasileiro, logicamente, já sobrevivia alimentando-se daquilo que a natureza colocava à sua disposição, pois vivia da caça e pesca, além de colher as frutas que encontrava; entretanto, não se pode deixar de anotar que ele já tinha conhecimento necessário para lidar com a terra, pois plantava milho e outros cereais, havendo até quem diga que o colonizador aprendeu e aplicou, na agricultura do novo mundo, alguns métodos de cultivo usados pelo indígena.

Tão logo se consumou a descoberta do Brasil, porém, o que chamou mais a atenção dos descobridores, foi a existência da madeira que tinha grande utilidade, e, era tão importante que deu o nome ao país, produto que registrou a sua exportação em grande escala.

Além dessa atividade de exclusiva extração, o Brasil colônia, com menos de um século de vida, passou também a praticar o cultivo: a partir da cana de açúcar, passou depois, também, a plantação diversificada, e, igualmente, até a criação de gado, elemento necessário ao trabalho nos engenhos e também como alimento.

É oportuno salientar que as necessidades da agricultura brasileira, aliadas à grande extensão territorial do país, provocaram, para a satisfação de mão de obra, a vinda dos escravos negros, uma vez que os índios, eram reconhecidamente avessos ao trabalho obrigatório.

A enorme área disponível à agricultura, praticamente sem dificuldade de utilização, ou seja, sem acidentes e sem inconvenientes, desde logo sugeriu a indicação, em frase que se tornou célebre e universalmente conhecida, de que “o Brasil seria o celeiro do mundo”. E essa é uma afirmativa verdadeira, que certamente não será desmentida. Ao contrário, está se ajuntando a ela uma outra, que já corre o mundo, profetizando que nossa nação, hoje, possui metade da água potável disponível no planeta, e, daqui a 50 anos, terá que coloca-la à disposição dos outros países.

Depois de declarada a independência, a nova nação prosseguiu na sua missão de país agrícola e exportador, remetendo para o mundo açúcar, café, cacau, algodão e outros artigos, mas a situação sofreu alteração, poucas décadas depois, com o fim do tráfico de escravos.

Para não sofrer maiores prejuízos, cuidou-se de providenciar a vinda de imigrantes europeus, que não apenas prosseguiram nas atividades agrícolas já existentes, como enriqueceram a agricultura brasileira com mais variedades, ainda, de produtos novos, como trigo, aveia, cevada e outros.

Hoje, a agricultura brasileira é uma atividade dinâmica e produtiva, para nós e para os outros de outras plagas, sem embargos das dificuldades e obstáculos que se antepõem, como o transporte dos produtos, dos campos ao consumidor, daqui e do exterior.

Para finalizar, duas curiosidades devem ser mencionadas, recentemente divulgadas pelos meios de comunicação, com relação à agricultura:

1 – O Brasil colheu, este ano, 52 milhões de toneladas de soja, quase tudo para exportação, já que se trata de alimento pouco utilizado pelos brasileiros;

2 – Agora, já no terreno da agroindústria: a Alemanha, embora não seja produtora de café, é o país maior exportador de café solúvel do mundo (é um fato que deve sugerir alguma reflexão).

Tunico Vieira
11/10/2002