Chegou o Carnaval!

A maior festa popular do Brasil, para não dizer do mundo, se formos nos basear no número de pessoas que dela participam, está aí, de novo. Sua chegada nos remete às suas origens históricas, que merecem ser relembradas.

Se quanto à origem do nome ainda não estão de acordo os estudiosos, quanto à razão de sua existência e finalidade parece que estamos todos de acordo.

Com efeito, dizem alguns que a palavra indicativa dos folguedos de Momo nasceu da união de duas outras, do latim, a saber, “carne” e “vale”, que teria o significado de “adeus, carne” enquanto que outros optam, também com origem no Lácio, pelas palavras “carnis” e “levamen”, que queria dizer “prazer da carne”.

Quanto à sua origem, parece não haver controvérsia, pois o entendimento é unânime no sentido de interpretar que ele teve origem no calendário da Igreja Católica que, ao definir o período da Quaresma, ou seja, os quarentas dias que precederam a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, como tempo de sacrifícios, para os fiéis, principalmente, de jejum e abstinência de carne, não excluindo, porém, as penitências de silêncio, oração e meditação.

Outras festividades existiram no mundo, mesmo antes da era cristã, que não podem ser confundidas com o nosso carnaval, pois se tratava de homenagens anuais aos deuses, como as bacanais (festas em honra a Baco, ou Dionísio).

O fato de dever ser respeitada a Quaresma, conforme recomendação da Igreja, terminou por criar no povo o desejo de exagerar, ou aproveitar, com comemorações, de comidas, bebidas e música os dias que antecediam a época dos sacrifícios, cujo início ficou marcado com a quarta-feira de cinzas.

É interessante notar que com o decorrer dos séculos, dependendo da índole e da tendência dos componentes de cada nação ou país, o carnaval veio a tomar rumos diferentes em cada um deles, exibindo características próprias, como acontece em lugares como New Orleans e Veneza, entre outros locais que poderiam ser citados.

O mundo inteiro reconhece, entretanto, que nada se iguala em termos de grandiosidade, riqueza e duração temporal, ao carnaval brasileiro, seja pelo desfile das escolas de samba, no Rio de Janeiro e São Paulo, seja pelas folias de rua dos trios elétricos, em Recife, Olinda e Salvador, com exuberância de contagiante alegria, testemunhadas cada vez mais pela presença de turistas estrangeiros, a cada ano em maior número, entre nós.

Mas, o carnaval brasileiro não tem apenas essa faceta que o torna conhecido no mundo todo.

Os brasileiros, de um modo geral, se divertem com comidas, bebidas e muita música, mesmo aqueles que não participam e nem assistem os desfiles de escolas de samba, e, também, não desfilam pelas ruas; agraciados com os feriados e pontos facultativos dos responsáveis pelos poderes públicos, ou mesmo liberados pelos patrões, nos casos das entidades privadas, os brasileiros desfrutam da melhor maneira que lhes interessa, do tríduo momesco, atualmente esticado para cinco dias, ou seis, se pudermos contar com a quarta-feira, não podendo ser esquecidas as poucas pessoas que, em sentido contrário, valem-se do período para se recolher em retiro espiritual, assim antecipando a Quaresma.

De qualquer modo, não se pode negar que o carnaval é uma festa marcante e empolgante, podendo ser afirmado que ela será, certamente, muito melhor, se as pessoas pudessem passar por ela evitando os excessos, de qualquer natureza.

Tunico Vieira
08/02/2002