Festas Juninas

“Com a filha de João
Antônio ia se casar,
Mas Pedro fugiu com a noiva,
Na hora de ir para o altar.”

Nesta simples trova, que faz parte de uma das canções que relembram a devoção do povo brasileiro, nós temos a menção aos três principais santos reverenciados em nossa terra: Antônio de Pádua, João Batista e Pedro, que foi o primeiro Papa.

Em praticamente todos os recantos do Brasil são comemoradas as datas destes três santos, festejados no mês de junho, variando de intensidade, conforme o local, ou seja, quanto mais longe dos grandes centros, maiores e mais duradouras são as festividades, notadamente as que ocorrem no sertão nordestino.

As festas juninas, no sertão, são marcadas em primeiro lugar, pelo tempo de duração, havendo cidades em que elas se prolongam quase pelo mês inteiro de junho, como é o caso do Estado da Paraíba (Campina Grande) e de Pernambuco (Caruaru).

São características das festas: a dança da quadrilha, a fogueira (quanto mais alta, mais bonita e mais duradoura), o pau de sebo, o quentão, a pipoca e outras.

Nos centros urbanos, mais populosos, estas festas possuem outra aparência, porquanto se transformam em quermesses, patrocinadas pelas paróquias, normalmente com a duração de um mês, e não necessariamente homenageando os santos de junho.

Mas a devoção dos mesmos santos juninos não se restringe, apenas e tão somente, às datas das comemorações; a presença deles nós percebemos nas inúmeras cidades brasileiras que têm os seus nomes, naquelas outras que os têm como padroeiros, ainda que não tenham o nome, e, mais do que isso, nós os encontramos nos nomes das pessoas, pois, são incontáveis, no Brasil, os Antônios, os Joões e os Pedros.

A proximidade dessas festas nos leva a considerar a respeito da respeitabilidade devida a tão importantes figuras, que marcaram sua passagem, de modo indelével, pelo mundo.
Antes de fazer a breve apresentação biográfica de cada um dos santos juninos, é justo que se mencione ter sido a devoção a eles trazida ao Brasil pelos portugueses.

Agora, fazendo valer a ordem cronológica, dos dias do mês, nós temos:

1 – Santo Antônio de Pádua, que em Portugal só é chamado de Antônio de Lisboa, porque nasceu nessa capital, antes de entrar para a vida religiosa, chamava-se Fernando de Bulhões.

Nasceu no ano de 1195 e faleceu em 1231, isto é, aos 36 anos; foi frade agostiniano e depois tornou-se franciscano, sendo contemporâneo de São Francisco de Assis. Foi protetor dos pobres, grande pregador e doutor da Igreja, sendo conhecido no Brasil como santo casamenteiro. É reverenciado, especialmente, no dia 13 de junho, data de sua morte.

2 – O dia 23 de junho marca a data comemorativa de São João Batista que, tendo sido contemporâneo de Jesus Cristo (e também de São Pedro) era igualmente seu primo.

Também teve vida curta, pois, tendo nascido aproximadamente na época de Jesus, veio a falecer pouco antes do mestre, degolado que foi por ordem do rei Herodes.

O fato mais importante de sua vida foi o fato de haver batizado Jesus, a pedido deste, o que fez sem muita convicção, porque entendia que o correto seria ser por ele batizado. O batismo, ou seja, a imersão da pessoa na água, lavando-se das impurezas, era a indicação, segundo a doutrina de Cristo, de que a pessoa se libertava dos erros praticados e ganhava nova vida.

3 – São Pedro, que veio a ser o primeiro Papa, tem a sua comemoração no dia 29, e, ao contrário dos dois anteriores, teve uma vida longa, já que, tendo nascido no início do 1º século da era cristã, viveu até o ano 64, ano em que foi martirizado, crucificado de cabeça para baixo, segundo o seu pedido, pois não queria morrer na mesma posição de Jesus Cristo.

A vida desse santo foi marcada por ocorrências, algumas consideradas folclóricas, nas quais surgia o seu temperamento de pessoa com decisões imediatistas, mas é certo que na parte final de sua vida, com o encargo recebido de chefe da Igreja, sua conduta foi intocável, até o fim quando se tornou mártir e santo.

Estas festas juninas, com intensidade celebradas anualmente, evidenciam o elevado grau de religiosidade do povo brasileiro, e a lembrança destas três grandes figuras, que movimentam os meses de junho no Brasil, terá o seu júbilo renovado, principalmente agora que já temos, por decisão do Vaticano, uma santa de vivência brasileira, Madre Paulina.

Tunico Vieira
21/06/2002