Finda a missão, fica a lição – e a saudade…

Para muitas pessoas, o dia 2 de novembro não tem a leveza de outros feriados, por trazer a lembrança da partida de entes queridos. Mas na realidade, o cristianismo, ao contrário do feriado brasileiro, celebra a lembrança dos fiéis defuntos, e não o dia de finados.

Apesar de parecer redundante, se analisarmos o significado na origem destas palavras, notaremos uma diferença relevante: enquanto finado significa aquele que teve seu fim, que se acabou, defunto, palavra originada no latim, era o particípio passado do verbo defungor, que significava satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão.

Mais tarde, foi utilizada e difundida pelo cristianismo para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver, daí o Dia dos Fiéis Defuntos.

A muitas origens a data é atribuída. Desde o século II, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava.

Desde o século XI, os Papas obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII, esse dia anual, que até então era comemorado no dia 1º, passou a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos.

Já no México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, cuja data coincide com as tradições católicas. É uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces.

Com lágrimas ou caveirinhas de açúcar, o importante é termos a consciência de que este dia pode ser não de tristeza, mas de reflexão. Todos aprendemos uns com os outros, e aqueles que partiram, certamente, deixaram grandes lições.

Saudade não é sinônimo de revolta, e é muito melhor suportada quando movida pelo amor, e não pela dor.

Um feriado de paz, boas recordações, preces e descanso a todos!

Tunico Vieira

Tunico Vieira é professor-mestre da Universidade Metodista, advogado e vereador em São Bernardo do Campo