Investimento e Tecnologia

Em 18 de setembro de 1898, em Paris, o brasileiro Alberto Santos Dumont mostrou ao mundo a possibilidade de o homem voar em um balão dirigível.

Passada essa fase, cuidou ele de tentar voar em um aparelho mais pesado que o ar. Foi então que inventou o aeroplano, denominado “14-BIS”, máquina que realizou o primeiro vôo, na Europa, em 23 de outubro de 1906.

Na mesma década, mais precisamente em 17 de dezembro de 1903, na América do Norte, os irmãos Wright fizeram voar um aparelho, que possuía o nome de “Flyer I”, fato que se passou pela primeira vez no continente americano.

Essas ocorrências, de pessoas, individualmente, ou em pequenos grupos, fizeram descobertas ou invenções, em momentos e lugares isolados, pararam de se verificar já bem antes do final do século XX.

O progresso científico e tecnológico passou a se verificar com tal rapidez e volúpia que, hoje, as novas descobertas, que são muitas vezes objeto de encomendas, procuradas não somente pelos próprios governos, mas também pelas empresas e por cientistas, estes normalmente financiados por aqueles e por estas.

Um exemplo que pode ser citado, de descobertas feitas por encomenda, é o caso da televisão em cores, e, também, do seu conseqüente aprimoramento, que vem acontecendo até os dias atuais.

A necessidade que existe, atualmente, de serem feitas novas descobertas e invenções, que são chamadas, agora, de inovações, vem gerando uma formidável competição, envolvendo empresas multinacionais e governos de países já desenvolvidos, assim ocasionando uma corrida desenfreada e incontida.

Acompanhando a competição, andando lado a lado com ela, alguns estudiosos estão se ocupando de elaborar teorias a respeito das melhores formas de se chegar ao sucesso nessa competição.

Segundo esses estudiosos, de um modo geral, inúmeros são os requisitos a serem atendidos pelas nações e entidades internacionais, os quais podem ser, de modo mais simples, reduzidos a cerca de meia dúzia, para mencionar apenas os de evidentes relevos:

1 – Recursos humanos de alta qualidade, com realce para as áreas técnica e gerencial;

2 – Infra-estrutura de pesquisa nas universidades;

3 – Investimento maciço, da área governamental, nas universidades públicas, exatamente para garantir o requisito anterior;

4 – Clientela sofisticada e exigente;

5 – Possibilidade de oferta de capital de risco (do empresariado);

6 – Proximidade geográfica entre os envolvidos na necessidade de inovação.

Somente com o atendimento dos requisitos acima resumidos, além de alguns outros, de menor importância, poderão os países interessados participar, com êxito, da competição internacional.

Recente publicação de revista especializada nos dá conta do desempenho de alguns países, dentro do tema “Inovação”, que significa “patentes concedidas internacionalmente”, onde podemos ver quais as nações que vêm se preocupando com a competição, para o que, logicamente, cuidam de atender os requisitos mencionados.

Como exemplo importante, extraído do quadro publicado, a Coréia do Sul, que na segunda metade da década de 70 havia conseguido registrar 23 patentes, no final do século XX obteve 12.062, ou seja, mais de 500 vezes o item anterior.

Na América do Sul, no mesmo período, de 25 anos, o Brasil perdeu para o Chile, pois teve um aumento de índice 2,62 (de 136 para 494), enquanto que os andinos chegaram ao índice 4,00 (de 12 para 60).

Para concluir, pode ser dito que, na competição internacional do quesito inovação científica, a nossa nação não tem comportamento satisfatório, pois não reúne condições de atender, como os coreanos, aos requisitos indicados, ou melhor, não tem como preencher, de modo correto, principalmente, o que diz respeito ao investimento nas universidades públicas, ao que parece, entre outras coisas, porque as autoridades responsáveis possivelmente não tenham conseguido, ainda, fazer a distinção entre gasto e investimento, sendo o segundo fundamental para que nosso país consiga efetivamente ter esperanças de que no futuro possa ser detentor de novas tecnologias, fator indispensável para melhorar a qualidade de vida do seu povo. Uma vez que sabemos ser a tecnologia patenteada diretamente proporcional ao aumento das exportações de produtos com valor agregado, conseqüentemente aumentando as riquezas do país.

(Os dados estatísticos constam de publicação feita em “HSM Management 30” – jan/fev.2002)

Tunico Vieira
07/06/2002