Modernismo: arte com mais igualdade
Neste sábado, completamos 90 anos do início da Semana de Arte Moderna, marco sócio-cultural na história de nosso país, até então amarrado às tendências e realidades européias.
Embora a interferência de outras culturas ainda se faz presente – o que é completamente normal, devido à globalização e à rapidez da propagação da informação -, a produção literária e artística brasileira tem a cara de nosso país.
Produção esta muito rica, advinda das diversas regiões deste imenso Brasil, mas que ainda reflete um ponto muito discutido pelo escritor modernista Oswald de Andrade, em seu Manifesto Literário: a desigualdade.
Mesmo que tenham ocorrido significativas mudanças sócio-econômicas, é grande a distância entre o Brasil moderno, tecnológico e sofisticado, e o Brasil marginalizado, tanto no meio urbano como no meio rural.
Neste segundo há pouca ou nenhuma globalização, não há internet nem conexão com o resto do planeta.
O atraso e a miséria, retratados pelos modernistas em 1922, continuam explícitos não apenas na nossa arte, mas no cotidiano de nossas vidas.
É preciso investir cada vez mais em políticas públicas para encurtar essa ponte entre os dois “Brasis”. Mostrar, sim, nossa cara, mas a partir de uma nova realidade.
Nestes 90 anos, muitas foram as mudanças políticas, mas as ações ainda são poucas para dar suporte às conquistas sociais.
A população deve não apenas exigir melhorias, mas fiscalizar a atuação dos governos, principalmente os locais, onde as decisões interferem diretamente no dia a dia das pessoas.
Só assim construiremos uma sociedade mais igualitária e moderna, e teremos cada vez mais orgulho da nossa cultura.
Tunico Vieira
Tunico Vieira é professor-mestre da Universidade Metodista, advogado e vereador em São Bernardo do Campo