Nado contra a correnteza
Muitas serão as lembranças ao final destes Jogos Olímpicos. Mas um esporte, com certeza, promete ser um divisor de águas: a natação.
O primeiro fato a chamar a atenção foi a vitória da nadadora lituana Ruta Meilutyte, na última terça-feira. Com apenas 15 anos, ela superou as consideradas favoritas, dominou a prova dos 100 metros peito do início ao fim e ganhou a medalha de ouro.
No mesmo dia, ao ganhar medalha de ouro no revezamento 4×200 metros livre, o nadador norte-americano Michael Phelps se tornou o atleta com mais medalhas olímpicas da história: 19 medalhas, sendo 15 de ouro.
Já na quarta-feira, mais dois recordes mundiais foram derrubados, ambos na prova dos 200 metros peito. Com estes resultados, os Jogos de Londres já somam cinco recordes mundiais na natação.
A cada quatro anos, os tempos são derrubados pelo preparo técnico e incentivo constante que alguns países dão a seus esportistas.
Tais acontecimentos reforçam a necessidade de ações básicas para ampliar o sucesso esportivo de uma nação: planejamento e infraestrutura.
Precisamos de políticas públicas que não apenas incentivem o esporte desde a infância, mas que dêem às crianças subsídios para que elas encontrem o caminho para crescer e sobreviver no esporte.
No país do futebol, em que Neymares e Ronaldos surgem a todo instante, há, com certeza, nadadores natos, cruzando a braçadas as águas deste imenso país, aguardando alguém que os resgate e lhes dê o curso da profissionalização.
O Brasil participa com a natação nos Jogos Olímpicos desde 1920, mas a primeira medalha foi conquistada 32 anos depois. Já a primeira de ouro veio somente em 2008, com César Cielo nos 50m livre.
Se não houver mudança nas políticas públicas para o esporte, vamos continuar sendo afundados pela morosidade de melhores resultados por parte de nossos nadadores.
E deixaremos de conhecer tantos outros, que mergulham incógnitos na abundância das águas de nosso Brasil, enquanto não nadarmos a favor da correnteza.
Tunico Vieira
Tunico Vieira é professor-mestre da Universidade Metodista, advogado e vereador em São Bernardo do Campo
