O Homem e o Lixo

Desde que o homem existe no mundo, vem ele se servindo de todas as coisas que a natureza põe à sua disposição, não apenas para a satisfação de suas necessidades, mas, também para o desenvolvimento de suas atividades variadas.

Acontece, porém, que ele não consome, na totalidade, os bens materiais de que desfruta, o que faz com que surjam os excessos, as sobras, os quais, por não terem mais utilidade alguma, são deixados de lado, ao abandono, como, por exemplo, as cascas de frutas, os ossos de animais, os objetos gastos e defeituosos, etc., valendo notar que o próprio organismo humano produz dejetos, que também se tornam material desprezível.

Todo esse conjunto de coisas inservíveis tem o nome de “lixo”, conceituado nos léxicos como “tudo o que não presta e se joga fora; entulho; sujeira; imundície; coisa inútil, velha ou sem valor”.

Durante muitos séculos, segundo nos é relatado pela história da humanidade, a preocupação do homem, com relação ao lixo que ele próprio produzia, restringia-se, apenas e tão somente ao fato de se separar dele, pouco lhe importando o que pudesse acontecer, depois de lançado fora.

Um exemplo que acontecia, conforme se comenta até nos dias de hoje: no mosteiro do Escorial, no final do século XVI, era o que se fazia com o conteúdo do vaso sanitário utilizado pelo rei Felipe II de Espanha, quando ali residia. Era simplesmente jogado janela afora, indo diretamente para o solo, do lado externo do grandioso palácio.

É sabido, igualmente, o que se fazia com o lixo em muitas cidades da Europa, na Idade Média: as sobras eram depositadas em qualquer lugar, no meio das vielas ou passagens e ali permaneciam por tempo indeterminado, causando um sem número de epidemias, com a conseqüente morte de muitas e muitas pessoas.

Com a evolução das ciências e o descobrimento das noções de higiene, já nos tempos modernos, sabe-se, hoje em dia, que uma das mais importantes medidas a serem tomadas pelo homem, para garantia de sua sobrevivência, é gerenciar o problema do lixo.

Hoje, já é do conhecimento das pessoas do povo que o seu problema, com relação ao lixo, não termina quando este é jogado fora. Aliás, o homem aprendeu, até, que existem várias espécies de lixo e a melhor providência a ser tomada com relação a elas e fazer a coleta respectiva em recipientes distintos, o que facilita, ao depois, para os órgãos coletores, a destinação a ser dada a cada uma delas.

Já existe, até mesmo, legislação a respeito de condutas a serem observadas pelos cidadãos, a respeito do destino a ser dado a cada um dos tipos de lixo, principalmente tendo em conta a possibilidade de reciclagem de boa parte do material residual, e, sendo prévia a separação, isto é, feita antes da coleta pelo setor público, simplifica o trabalho e economiza o tempo destinado a reciclagem.

Atualmente, pode-se dizer que a população, de um modo geral, já tomou consciência da necessidade de cuidar bem do lixo, notadamente do tipo doméstico, com o uso dos recipientes mantidos nas casas, e depósito nos passeios públicos em sacos plásticos fechados.

Entretanto, e, infelizmente, não se pode falar o mesmo do lixo urbano, pois ainda é comum presenciarmos, nas ruas, pessoas atirando ao solo, por onde passam, copos de plásticos, palitos de sorvete, sacos de pipoca e maços de cigarro, coisa que certamente não fariam dentro de suas casas. Nas praças, muitas vezes presenciamos também, pessoas levarem seus cães justamente para defecarem nestes locais, sem preocupação nenhuma em coletar o lixo orgânico por eles produzidos.

Enfim, a conscientização é um pouco mais lenta do que gostaríamos, todavia somos otimistas. Neste ponto estamos evoluindo e com certeza um dia seremos verdadeiros cidadãos conhecedores de nossos direitos e também de nossos deveres.

Tunico Vieira
05/09/2003