Poder da Grande Imprensa

Houve uma época em que a comunicação entre pessoas, à distância, somente ocorria através de carta e o tempo que se passava, entre a remessa e a entrega, dependia do portador.

Hoje em dia, não só a comunicação se tornou instantânea, como também multiplicou, em demasia, o número de destinatário (antes um só, atualmente milhões).

A rápida transformação e a multiplicidade dos meios de comunicação deve ser creditada, mais ou menos nessa ordem, aos jornais (Gutenberg), ao telégrafo (Morse), ao telefone (Graham Bell), e, finalmente ao rádio (Marconi) e à televisão (Barthéleny).

Com o surgimento destes dois últimos, nós temos os que se chamam meios de comunicação de massa, responsáveis pela transmissão de fatos, eventos, espetáculos e notícias, no mesmo instante em que eles acontecem, para o mundo inteiro.

Isso é bom, mas, pode ser mau.

É bom porque nós podemos assistir, no exato momento em que ele acontece, por exemplo, a um jogo de futebol da Copa do Mundo, com todos os seus pormenores, praticamente, como se estivéssemos no estádio.

Pode ser mau, todavia, quando na veiculação de fatos e notícias, a fonte da transmissão não se comporta corretamente, do ponto de vista ético, ou seja, passando para diante, somente aquilo que lhe interessa, dentro de um contexto de maior complexidade.

Cabe ser citado, nesse passo, o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial, tanto por conta da Alemanha (Adolph Hitler), como da Itália (Benito Mussolini), com a chamada propaganda de guerra. Dizia-se, na ocasião, que o ministro alemão da propaganda entendia que a mentira muitas vezes repetida adquiria foros de verdade.

O perigo da informação, mesmo não equivocada, mas sobretudo a incompleta, pode chegar à todos os setores de atividade, não estando isenta dele a área da política.

Atualmente a mídia, mesmo que não intencionalmente, tem o condão de influenciar o eleitor na escolha de seu candidato, seja exaltando, com exagero, as qualidades deste, seja criticando os defeitos daquele.

Em conseqüência, torna-se importante para o destinatário da notícia ter conhecimento da qualidade, da sinceridade e da ausência de segundas intenções de quem seja a o responsável pela veiculação.

Por outras palavras, é necessário que o eleitor-ouvinte se cerque de critério para poder discernir, dentro daquilo que lhe passa o meio de comunicação, o que deve ser levado em consideração.

Não podemos nos esquecer de que o momento atual fez surgir a figura do “marqueteiro” que, se antes era a pessoa encarregada de preparar, polir e apimentar, ou não, a propaganda de um bem material (refrigerante, bebida, cigarro, automóvel, ou simplesmente sandália),hoje em dia é contratado por partidos políticos para edulcorar ou emoldurar uma candidatura, com o objetivo de convencer os eleitores e obter os seus votos.

Certamente, ao contrário do que pensava o industrial criador da linha de montagem na fabricação de automóveis, Henry Ford, que duvidava do sucesso da televisão, por crer que o povo jamais iria se prender à frente de uma caixa quadrada, à disposição de apenas uma imagem, nós devemos prestigiá-la, sim, atentos às suas informações, cientes de que acreditar no invento não significa acreditar em tudo o que ele nos passa.

Ouçamos, pois, o recado e meditemos ponderadamente sobre o seu conteúdo, confiramos com aquilo que a respeito nos informam outras fontes, para podermos, a final, ter e emitir opinião segura.

E principalmente lutarmos sempre, para termos a imprensa forte e independente, devendo também como cidadãos participarmos do processo de escolha e posteriormente fiscalização de todos aqueles que, possuem poder de decisão ou possam vir a influenciar positiva ou negativamente na constituição e manutenção dos princípios democráticos e de justiça. Nós cidadãos devemos ter sempre em mente o objetivo precípuo de buscar, por mais distante que esteja, e por mais utópico que possa parecer o convívio harmônico da nossa sociedade, em outras palavras buscar acima de tudo o bem comum.

Tunico Vieira
19/04/2002