A quem pertence a Terra?
As primeiras notícias que temos, de efetiva titularidade sobre glebas e grandes porções de terra, encontram-se nos primeiros Livros da Bíblia, onde são narrados os acontecimentos envolvendo o povo hebreu, que recebeu diretamente de Deus, por doação, a Terra Prometida.
E duas foram as oportunidades em que isso se deu: primeiramente quando Abrão foi presenteado e depois quando Moisés, mesmo sem poder conhecê-la, iniciou o grande êxodo, de quarenta anos, levando cerca de trezentas mil pessoas até ela, incumbido Josué de lá chegar e dela se apossar.
Muitos séculos depois, o mesmo povo hebreu, já agora denominado judeu, tendo abandonado a Terra Prometida, que se passou a chamar Palestina, andou espalhado pelo mundo, e, na metade do século XX, tornou-se uma das maiores vítimas da guerra, ao sofrer o conhecido Holocausto.
Encerrada a 2ª Guerra, com o apoio das grandes potências e com o aval da ONU, tiveram eles a possibilidade de se reunir de novo, na mesma Palestina, onde, em 1948, fundaram e se sediaram no novo Estado, agora chamado de Israel.
Aconteceu, porém, que a Palestina, na ocasião, estava ocupada por povos árabes, que não aceitaram a criação do novo Estado em seu território.
E, o que se iniciou em 1948, ou seja, as graves divergências entre israelenses e palestinos, vêm recrudescendo e se agravando e atualmente estão atingindo um elevadíssimo grau de intolerância, com entreveros seguidos, ocorrência de muitas mortes, de ambos os lados, e, o que é pior, não se vislumbra, ao menos por enquanto, um acerto entre as partes para que venha a paz.
Os dois lados têm razões muitíssimo relevantes para excluir cada um do território ocupado: os israelenses, por conhecidos motivos religiosos e os árabes por questões ligadas ao grande valor do solo e do subsolo palestino.
Temos visto, hoje e décadas atrás, a manifestação de interesse, por parte das nações do mundo inteiro, para a cessação do estado de beligerância na região, pois nenhum país do mundo pode ficar alheio, seja a causa religiosa, seja a patrimonial, o que deve ser acrescido do fato, de natureza política, de nenhum dos dois povos envolvidos reconhecer no outro um país juridicamente constituído (Estados de Direito).
Esse impasse, reconhecido mundialmente como de dificílima solução e que inclui em seu meio, na verdade e praticamente o mundo todo, nos faz vir à lembrança as sábias palavras do grande líder, religioso e pacifista Martin Luther King, que indagava: “o homem aprendeu a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas, será que evoluiu, a ponto de aprender a se relacionar e a viver em comunidade?”
A tão pretendida evolução do homem, para a convivência pacífica em comunidade, parece não haver sido atingida, infelizmente, e não apenas no âmbito internacional.
Os índices de violência, atualmente, são elevados, mesmo dentro de um país, envolvendo pessoas de idêntica nacionalidade, com alarmantes conseqüências e nenhuma utilidade.
As grandes cidades, em todos os continentes do planeta, vêm registrando repetidas ocorrências trágicas, em que, até sem motivo real, ou mesmo aparente, pessoas se envolvem em conflitos para satisfação de pequenos interesses, ou até fúteis razões.
A gravidade pode ser medida, de acordo com informações veiculadas pela imprensa, pela comparação entre o número de mortes causadas por violência na Grande São Paulo e na Palestina, sendo aquele superior a este.
Outros fatos, mais recentes, que também têm se tornado notícia, são os furtos e roubos coletivos, igualmente denominados “arrastões”, que se verificam em locais onde, por qualquer motivo, aglomeram-se pessoas.
Pelas razões mencionadas e por tantas outras que podíamos relembrar é que convido você a uma reflexão:
1. Cada um de nós, cada qual na sua profissão, na sua casa, em seu ambiente social, está fazendo sua parte?
2. Estamos nós contribuindo para que a próxima geração tenha a oportunidade de viver em uma família mais amorosa, mais unida, em uma sociedade portanto mais fraterna e mais justa?
Esperemos que Martin Luther King esteja desatualizado quando afirma que o homem não aprendeu a se relacionar e a viver em comunidade.
Aproveitemos estas palavras, para iniciarmos o dia com o desejo de praticar o bem, o justo, o bem da comunidade, e então seremos seres inteiros, completos e felizes. Mais vale um grama de ação do que uma tonelada de reclamação.
Então vamos agir! Vamos cada um fazer sua parte.
Tunico Vieira
10/05/2002