Dia do Trabalho

O dia 1º de maio, um dos poucos feriados comemorados no mundo inteiro, é chamado por muitos de Dia do Trabalho, e, por outros, de Dia do Trabalhador.

É de se acreditar que não exista, na prática diferença entre uma e outra as nomenclaturas, sendo até mais sugestivo que se aceite a confusão, valendo uma coisa só a união íntima entre o operário e a obra.

A importância do trabalho pode ser realçada com a sua existência já desde a criação do mundo. Na verdade, nos primeiros capítulos do primeiro livro do Antigo Testamento vamos notar a presença da sabedoria divina, quando Deus sentenciou ao casal que acabava de criar, que nada mais lhe seria doado e tudo seria obtido através do esforço próprio (“Ganharás o teu pão com o suor do teu rosto” – Genesis)

Mas a relevância do trabalho não termina aí. A atividade laborativa do homem, que o acompanha desde então, vista sob qualquer dos seus mais diversos e possíveis aspectos, é sempre um bem, Além da produção de bens, que propiciam a riqueza material e o conforto do homem, pois lhe propicia bem-estar, existe ainda a satisfação íntima e moral, trazida pela sensação do aproveitamento das horas, dos dias e dos anos, na produção de coisas úteis.

Não há dúvidas, por outro lado, de que o trabalho seja, efetivamente, o remédio para muitos males.

Na origem, o dia do trabalhador surgiu para que se passasse a homenagear o esforço das pessoas que se dedicam a um serviço em benefício de outrem, em conseqüência do que, por esta prestação, recebem um pagamento, seja em dinheiro, seja em espécie.

Por outras palavras, o primeiro objetivo do feriado foi dar o devido valor e o reconhecimento do trabalho assalariado, tanto assim que o primeiro de maio nasceu em ocasião, no mundo todo, em que se multiplicaram as oportunidades de emprego, sobretudo, com as chamadas evoluções sociais, rurais e das indústrias.

Mas, pensando bem, chega-se à conclusão de que a homenagem não deve ter o endereço apenas e tão somente, do trabalhador, deixando de lado o patrão.

A questão é mais complexa, mais profunda e demanda ponderação, porque, na realidade, a atividade laborativa não pode ser considerada como exclusividade daqueles que recebem uma compensação econômica, direta, por aquilo que faz em favor de quem lhe paga.

É justo que se diga que o patrão também merece festejar o dia primeiro de maio, porque ele, também, desenvolve atividade, na administração ou na gerência de sua empresa, logicamente com o objetivo de lucro, mas, que não se chama salário, e, algumas vezes nem é atingido.

Outro exemplo, prático, e vem visível, é o da dona de casa, ou da mãe, cujo esforço contínuo, e, quase sempre sem momentos para um necessário descanso, não tem nenhuma satisfação material, mas somente o conforto espiritual.

Por isso, o que pode ser dito com relação à data em foco é que, embora tendo origem no reconhecimento do valor do trabalho assalariado, o Primeiro de Maio deve ser uma festa de toda a humanidade que, em conjunto, vem trazendo, cada vez mais, progresso e bem estar, com a produção de bens e utilidades, o que decorre do esforço de todos sem exceção.

Tunico Vieira
26/04/2002