Ecos da Copa
Tendo tudo finalizado de acordo com a expectativa de todos os brasileiros, e, de muitos estrangeiros, o Brasil consolidou-se no cenário mundial, como a maior potência futebolística.
A estupenda campanha da equipe da Confederação Brasileira de Futebol, na primeira disputa mundial do século, marcada por sete partidas e igual número de vitórias, foi uma rara façanha, e, num confronto com as disputas anteriores, a partir da primeira, realizada no Uruguai, podemos extrair conclusões interessantes.
A primeira delas diz respeito ao número dos títulos obtidos pelos países vencedores, e nos dá conta de que o Brasil tornou-se campeão por cinco vezes, enquanto que Alemanha e Itália ganharam três, Argentina e Uruguai duas, e Inglaterra e França uma vez cada.
Entretanto, faz-se necessário anotar que o Brasil venceu as cinco vezes em locais fora de seu país, enquanto que todas as outras nações obtiveram, em sua própria casa, um dos títulos.
Assim, se quisermos considerar somente os títulos mais expressivos, ou seja, aqueles conseguidos no exterior, o Brasil se sobressairá mais ainda sobre os demais disputantes pois, permanecendo com os cinco campeonatos, deixaria Alemanha e Itália com dois e Argentina e Uruguai com um, saindo de cena Inglaterra e França, que foram campeões somente quando sediaram o torneio.
Antes dessa Copa que há poucos dias se encerrou, a seleção brasileira havia sido a única a vencer um título fora de seu continente, ao levantar o de 1958, na Suécia. Com efeito, a regra sempre foi a vitória de um país do continente em que se desenvolveu, isto é, Alemanha, Itália, França e Inglaterra somente foram campeões nos torneios disputados na Europa, enquanto que Argentina e Uruguai apenas foram vencedores na América (1930, 1950, 1978 e 1986).
O Brasil, que já aparecia como exceção, na Copa que terminou em Estocolmo, correu sérios riscos agora, pois a XVII, disputada em dois países do continente asiático, poderia perfeitamente ter um campeão europeu, a ser destacado entre os 14 participantes, dos quais os mais importantes, além dos que já houveram se sagrado vitoriosos, eram ainda, Espanha e Portugal, Dinamarca e Suécia.
E, por que não? Poderia ser campeão, também, um outro país americano, que poderia surgir como a Argentina, México, ou mesmo os Estados Unidos, o que tornaria inexistente a primazia brasileira.
Mas o que se viu foi exatamente o contrário: mais uma vez, e agora de forma categórica, coube ao nosso país ratificar a exceção, com outra exceção, que muito dificilmente será equiparada, qual seja a hipótese de um país obter dois títulos de campeão do mundo além dos limites de seu próprio continente.
A proeza desta Copa tornou-se tanto mais notável depois que se constatou que, a duras penas, o Brasil logrou classificação nas eliminatórias da América do Sul, quando, somente após a disputa da última partida, chegou à terceira, das quatros vagas reservadas.
Outra curiosidade ocorreu nesta Copa: Brasil e Alemanha, que haviam participado de seis partidas finais, embora nunca antes tivessem disputado qualquer final entre si, chegaram à sétima final e se chocaram na derradeira luta, peleja que ficará, certamente, marcada como a bela de todas aquelas já travadas em campeonatos mundiais de futebol.
TUNICO VIEIRA
18/07/2002